O uso de máscaras foi uma das práticas inseridas na rotina da população mundial, na tentativa de evitar contágios e a proliferação do novo Coronavírus. Em Portugal, em 31 de março de 2021, exatamente um ano depois de a Organização Mundial da Saúde – OMS classificar o surto de SARS-CoV-2 como pandemia, o Parlamento aprovou a renovação do projeto de lei que torna obrigatório o uso deste EPI– Equipamento de Proteção Individual, em via pública, por mais 70 dias, ou seja, até o meio do mês de junho. Aos não cumpridores, será sancionada multa que vão dos 100 aos 500 euros.
Apesar de vital, a utilização das máscaras está envolta em polêmicas desde o ano passado. Devido a singularidade da doença, a comunidade médica entrou em vários debates e adotou diferentes discursos até concluir que o EPI era um método eficaz contra a Covid-19, o que gerou uma série de desconfianças na população e muita desinformação em torno do tema.
Logo no princípio da pandemia, autoridades sanitárias de diversos países chegaram a não recomendar o uso de máscaras, uma vez que haveria dificuldades na produção e distribuição para toda a gente. Porém, após série de estudos em bases científicas quanto a evolução do vírus, bem como seu contágio, a OMS passou a atualizar suas diretrizes e a colocar o equipamento como imprescindível no combate a transmissão.
A partir das novas recomendações, instaurou-se uma busca desenfreada para adquirir máscaras cirúrgicas, ocasionando no desfalque no estoque de inúmeros mercados e farmácias. Além disso, devido a sua alta procura, pôde ser observado um aumento exacerbado no valor praticado pelas lojas. Com isso, passaram a surgir uma infinidade de tipos de máscara, ditas como “caseiras”, feitas de pano e, até mesmo, tutoriais de como improvisar o seu próprio EPI com materiais alternativos e de baixo custo.
Para o engenheiro de Segurança do Trabalho, Guilherme Boscolli, que lidera estudo sobre o desenvolvimento e eficácia das máscaras como equipamento de proteção individual em indústrias e hospitais, após um ano de pandemia, ainda existem muitos equívocos, erros e, até mesmo, uma banalização ao que se refere a recomendação do uso das máscaras no âmbito da Covid-19.
Segundo o especialista, “a utilização correta das máscaras é fundamental para sua eficácia e para a proteção do indivíduo”.
Guilherme conta que as máscaras cirúrgicas, que são as mais usadas pela população em geral, possuem vida útil de no máximo quatro horas. “Para uma pessoa que passa cerca de 12 horas fora de casa, por exemplo, a máscara deveria ser trocada 3 vezes ao longo do dia ou assim que a sentir úmida”, explica.
Além da troca de máscara, o engenheiro alerta para os devidos cuidados a serem tomados na hora da utilização do EPI. “Nunca devemos tocar a superfície da máscara, isso por si só já abre espaço para contaminação. Quando a abaixamos ou colocamos no queixo para beber água, fumar um cigarro ou comer, como vemos muito na rua, automaticamente perde-se a eficácia e proteção”, detalha Guilherme.
Como desenvolvedor e estudioso deste equipamento, Boscolli defende a utilização de outros tipos de máscara no combate a transmissão da Covid-19. O especialista acredita que os modelos FFP2 e KN95, exigidas por países como a Alemanha, por exemplo, sejam os mais indicados no âmbito da pandemia, uma vez que possuem maior capacidade de filtragem e vedação. “Estas máscaras possuem dispositivos que permitem que o indivíduo faça uma regulagem correta, de modo que se ajustem ao formato do rosto e forneçam a proteção adequada”, descreve o especialista.
O engenheiro ainda frisa que a estruturação adequada da máscara à face é primordial para que, de fato, exista a garantia de proteção eficaz para o indivíduo. Segundo Guilherme, um indicativo de que o equipamento não está a ser utilizado de maneira correta é o conforto do usuário. Para o especialista, a máscara precisa causar algum incômodo. O ideal é que as pessoas optem por modelos que possuam clipe de ajustagem, pois é ele quem vai proporcionar a vedação adequada.
“Se o clipe não estiver a incomodar e o usuário puder respirar normalmente, é sinal de que o uso não está correto. Para quem usa óculos, se sentir as lentes embaçarem enquanto usa a máscara, também significa que o equipamento não está a cumprir seu papel”.
Além dos cuidados de uso, como a troca periódica do equipamento e ajustagem correta, existem alguns pormenores que devem ser levados em consideração para que a máscara cumpra o seu papel de barreira protetora. Boscolli conta que barbas e bigodes, mesmo que aparados, funcionam quase como um obstáculo para a vedação necessária, por este motivo, os órgãos de regulamentação exigem que os funcionários se barbeiem em dias de teste de ajuste.
Ademais, o engenheiro também alerta que as pessoas estejam sempre atentas à higienização das mãos e ressalta