Mudança gera mudança, e grandes acontecimentos muitas vezes desencadeiam alterações e desenvolvimentos drásticos, para a sociedade e para o planeta.
A pandemia da COVID-19 não foi exceção, e foram muitas as mudanças que todos sentimos ao sermos atingidos por ela. A maioria delas más, mas existiram também algumas boas, como a diminuição dos níveis de poluição atmosférica a uma escala global.
Entre março e maio de 2020, as fábricas pararam de produzir, os carros ficaram nas garagens, os aviões em terra. Só os números da aviação chegam para provar este decréscimo abrupto: de uma média de mais de 150 mil voos diários, passamos a ter cerca de 69 mil, uma diminuição de mais de 50%. As diferenças entre as imagens no espaço aéreo, de fevereiro a março de 2020, são abismais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde os transportes e a indústria são dois das cinco principais fontes de poluição atmosférica a nível mundial. A completar o top 5 estão a queima de combustíveis fósseis, madeira e biomassa para cozinhar, aquecer e iluminar casas, agricultura e a queima de resíduos a céu aberto e resíduos orgânicos em aterros sanitários.
Com a paragem destas e de muitas outras atividades poluentes, os níveis de dióxido de carbono (CO2) desceram 27% em abril de 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo a Royal Society of Chemistry. Países como a Índia, a China e o Nepal viram os seus céus mais limpos que nunca. Os resultados estavam à vista, e a necessidade de diminuir as emissões poluentes ficou mais clara que nunca. Mas será que essa necessidade se manteve, um ano depois do primeiro confinamento global?
De 2020 para 2021… e nada mudou
Depois da diminuição drástica dos níveis de poluição em 2020, e uma onda ambientalista que parecia ganhar forma, um ano depois… nada mudou.
De acordo com dados do Observatório Mauna Loa, no Hawai, o valor médio de concentração de CO2 na atmosfera em março de 2020 era de 414 partes por milhão (ppm). Seria de esperar que a consciência ambiental criada em 2020 e os consecutivos confinamentos fossem suficientes para que esse valor diminuísse em 2021. No entanto, tal não se verificou.
De acordo com a mesma fonte, a concentração média de CO2 na atmosfera em março de 2021 foi de 417 ppm. Isto remete os níveis a valores 50% mais altos do que a média verificada antes da revolução industrial, entre os anos 1750 e 1800, uma tendência crescente e que está a acelerar a olhos vistos.
Se demoramos 200 anos a aumentar os níveis de CO2 em 25%, em apenas 30 anos o aumento passou para 50%.
A poluição atmosférica continua a ser um dos grandes problemas por resolver na nossa sociedade, e se a COVID-19 nos recordou da dimensão deste problema à escala global, a lição também foi rapidamente esquecida dada a oportunidade de voltar à rotina normal.
São várias as medidas colocadas em práticas pelos governos mundiais numa tentativa de diminuir as atividades e ações que mais contribuem para o aumento dos níveis de CO2 na atmosfera, desde a promoção da educação ambiental na sociedade, apoios à compra de veículos elétricos, diminuição do uso de plásticos, entre outros. Muitas destas medidas aconteceram no decorrer do Acordo de Paris, celebrado entre várias potências mundiais que se comprometem a diminuir os seus níveis de emissões poluentes.
A participação de Portugal no Acordo de Paris
Portugal entra neste acordo como parte Integrante da União Europeia, que apresentou como principal objetivo a redução das emissões em pelo menos 55% até 2030.