Museus, públicos e universidades

Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito;
é preciso também que haja silêncio dentro da alma.

Alberto Caeiro

Porquê?

Embora se acredite que os museus possam ser espaços vitais de conhecimento, diálogo, criatividade, história e aprendizagem, reconhece/se que são muitas as barreiras que fazem com que sejam acessíveis e relevantes apenas para uma minoria. Os impactos práticos, financeiros e sociais da pandemia COVID 19 têm tornado por demais evidente a urgência de abordar a razão de ser dos museus no século XXI. Questão fundamental – não só de agora! – que levanta muitas outras:

  • Como podem os museus transformar os seus espaços, programação e modos de trabalho de maneira a dialogar melhor com as aspirações das diversas comunidades que servem?
  • Como interagem com os públicos? Como queremos que interajam no futuro?
  • Como podemos todos aprender a ouvir mais?
  • Como podem os museus assumir a inclusão e incorporar o co-design / co-curadoria com os públicos como prática habitual?
  • Como podemos transformar a experiência do museu?

O Laboratório de Escuta parte destes tópicos para criar espaços de conversação entre públicos, profissionais de museus and universidades a fim de explorar e compartilhar ideias, ferramentas e táticas que promovam a reflexão e apoiem a mudança estratégica em museus.

Em termos amplos, este Laboratório relaciona-se com o projeto de investigação EPITEC 2 e a necessidade de aprofundar a investigação sobre a educação para a cidadania como elemento fundamental dos processos educativos. O foco essencial desta perspetiva assenta no papel dos patrimónios controversos, partindo de perspetivas ecosociais, sociocríticas e transformadoras. Os espaços de conversação introduzirão questões relacionadas com as perceções sobre diferentes problemas socio-ecológicos, através da reflexão em torno de alguns dilemas que atravessam os museus (por exemplo, noções de anti-patrimónios, patrimónios de crueldade, patrimónios de interesse, patrimónios de género, patrimónios subjugados, patrimónios inclusivos e patrimónios resgatados) e do seu interesse para estes públicos. No caso dos professores, estas questões são também exploradas em relação aos contextos de formação.

Por conseguinte, o Laboratório de Escuta insere-se no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, em particular através dos objetivos 4 (Educação de Qualidade), 5 (Igualdade de Género), 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e 16 (Paz, Justiça e Instituições Fortes), entrecruzando-os na perspetiva da educação para a cidadania, da educação patrimonial e da educação artística.

O que é?

Objetivos

Trata-se de um projeto exploratório que procura compreender como o museu é percecionado e vivenciado pelos participantes das sessões do Laboratório de Escuta. Procura, além disso, facilitar a construção coletiva de espaços mais relevantes com o objetivo final de apoiar a mudança no museu. Visa, em particular, criar um espaço de conversação que se abra à participação quer de profissionais, quer de públicos, tomando especial atenção na inclusão da voz dos jovens, crianças, famílias e professores na programação cultural que lhes é dirigida. 

Como?

O mapa

O Laboratório de Escuta organiza sessões de conversa com profissionais e públicos que estejam interessados em falar sobre museus e fazer ouvir as suas vozes. O objetivo principal é proporcionar um fórum e um espaço seguro para a discussão de temas relacionados com museus e, em particular, de patrimónios controversos. Além disso, pretendemos proporcionar um espaço para partilhar histórias sobre a experiência vivida em museus. Os eventos alternam entre dois formatos essenciais: conversas em pequenos grupos, e entrevistas.

No desenho destes momentos de escuta, opta-se pela utilização de métodos reflexivos e criativos de representação visual para a identificação de: perceções e mapeamento de relações e padrões de comportamento do sistema; dinâmicas e ações de mudança. Esta opção permite que o museu aconteça como continuidade, relacionalidade, contingência e sensualidade. 

A abordagem é participativa e enfatiza a agência dos participantes. De maneira importante, o projeto assume a dimensão performativa destes espaços Laboratório, prestando atenção à forma que os métodos utilizados adotam e às realidades sociais que criam. A produção de ferramentas / protótipos que possam ser adaptados noutros contextos faz parte deste enunciado.

O mapa a produzir foca-se, por um lado, nas barreiras de comunicação e acesso identificadas pelos participantes, proporcionando uma melhor compreensão das razões e fatores que contribuem para a irrelevância do museu para estes públicos.   E, por outro, no mapeamento dos espaços de possibilidades imaginados pelos participantes – ou seja, nos pontos de alavancagem de grande potencial para mudar a forma como o museu opera –, de forma a apoiar a construção coletiva e participada dos futuros do museu.

Os problemas de irrelevância identificados não pretendem ser uma crítica ao museu, mas ao próprio sistema. O mapa apenas representa a perspetiva ou experiência dos participantes no sistema.

Quem?

O projeto reúne investigadores de museologia, educação artística e design que compreendem a investigação como forma de envolvimento ativo com o mundo social em constante mudança. Os espaços Laboratório são compreendidos como parte deste processo de envolvimento e inquérito e não como um produto de investigação.

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