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Pública-forma requerida por frei Lopo, procurador do mosteiro de S. Domingos de Évora
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Documento
Título
Pública-forma requerida por frei Lopo, procurador do mosteiro de S. Domingos de Évora
Data
1376-12-12
Data tópica
Évora, na Sé
Sumário
Pública-forma de cláusulas de um codicilo feito por Constança Anes ao seu testamento, pedido por frei Lopo, frade e procurador do mosteiro de S. Domingos de Évora, e dado por autoridade de Vasco Martins, raçoeiro da igreja de S. Pedro dessa cidade.
Insere cláusulas de um codicilo feito ao testamento de Constança Anes, 1376-02-02, Évora, rua do Tinhoso.
Cota
Arq. Particular, Cx.4, Perg.6
Dimensões
215x865 mm
Suporte de escrita
Idioma
Estado de conservação
Tipo de letra
Sinais de validação
Sinal de João Eanes, tabelião régio em Évora
Transcrição
Sabham todos que na Era de mill e quatrocentos e catorze anos dous dias de dezembro na cidade d’Evora perante Vaasco Martiz raçoeiro da [egreja] de Sam Pedro da dicta cidade teente vezes de Stevam Stevez arcediagoo e coonigo dessa meesma e bachaler em direito canonyco vigayro geeral do honrrado padre e senhor dom Martinho per a mercee de Deus e da santa egreja de Roma bispo dessa meesma seendo o dicto teente vezes na crasta da egreja cathedral fazendo audiencia ouvyndo os fectos en presença de mim Johann’Eanes tabelliom d’el rey na dicta cidade presentes as testemunhas que adeante som escriptas pareceo perante o dicto teente vezes frey Lopo frade da ordem de Sam Domyngos e procurador do prior e convento do moesteyro de Sam Domingos da dicta cidade da huma parte e Stev’Eanes Candeeyro morador e vezinha da dicta cidade testamenteyro de Costança Anes ja pasada molher que foy de(1) Stev’Eanes Dente morador e vezinho que foy da dicta cidade da (sic) Evora. E logo o dicto frey Lopo disse que a dicta Costança Anes jazendo doente da doença de que se passou deste mundo fezera e mandara fazer huum codicillo e adiçom e declaraçom a seu testamento em no qual(2) mandara que cada primeiro dia de cada huum mes do ano os frades do dicto moesteyro de Sam Domingos lhi fezessem fazer huum aniverssayro no dicto moesteyro de Sam Domingos per a sua alma e do dicto Stev’Eanes que foy seu marido e de seu padre e de sa madre e daquelles a que era theuda e que sayssem sobre a sopoltura de sas filhas que jazem enterradas no dicto moesteyro com a cruz e com aagua beenta e que lhis dessem per cada huma missa quareenta soldos com o dicto officio e que outrossi lhis dessem encenço e cera que avondasse enquanto fezessem o dicto officio de dizer a dicta missa segundo dizia que era contheudo no dicto codicilo o qual dizia que tynha o dicto Stev’Eanes. E pedia o dicto frey Lopo ao dicto teente vezes que mandasse ao dicto Stev’Eanes que trouvesse o dicto codecillo a juizo pera lhi seer dado o trelado da dicta clasula (sic) pera o dicto moesteyro e convento. E o dicto teente vezes fez pregunta ao dicto Stev’Eanes que era o que dizia e el dysse e conffessou que assi era verdade como o dicto frey Lopo dizia e que assi o mandara a dicta Costança Anes em no dicto codecillo que fezera. Mais dizia que el non tynha aqui o dicto codecillo mays que eu sobredicto tabelliom tynha em meu lyvro notado o dicto codecilho e que lhi non enbargava de lhi dar o trelado em pubrica forma da crasula que perteencia ao dicto moesteyro e convento. E o dicto teente vezes fez a pregunta a mim sobredicto tabelliom se tynha eu notado em meu livro o dicto codecillo que a dicta Costança Anes fezera e mandara fazer e por mim foy dicto que tynha. E logo o dicto teente vezes vystas as razões da huma e da outra parte e o que per mim sobredicto tabelliom era dicto, a saber, mandou a mim sobredicto tabelliom e deu sua autoridade ordinhayra per que em prubica (sic) forma so meu sinal desse ao dicto frey Lopo o trelado da dicta clasula pera o dicto moesteyro e convento de Sam Domingos. E eu sobredicto tabelliom busquey meu livro e achey em el a nota do dicto codycilo per minha mãao scripta a qual a dicta Costança Anes fezera e mandara fazer e outorgara. A qual foy fecta na dicta cidade nas pousadas da morada que forom da dicta Costança Anes que som na rua do Tinhoso, (3)quatro dias de Fevereyro, Era de mill e quatrocentos(4) e catorze anos. Na qual era escripta huma clasula da qual o theor he este que se adeante segue:
Mando todolos beens das rayzes que eu ey na cidade d’Evora e em seu termho a Lyonor Lourenço minha sobrinha filha de Lourenç’Eanes meu irmãao e molher de Stev’Eanes Candeeyro morador (sic) e vezinha da dicta cidade e ao seu filho o mayor que ouver de sy [e] ao neto ou bysneto e assy pella lynha directa ao barom e aos seus filhos e netos barões e de barom e non avendo hy barões que os ajam as Polhilhas (sic) e os filhos das Polhilhas os barões e os netos e bysnetos e assy pella lynha directa e non avendo hi barões que entom fyque aas Polhylhas e de sy em deante aos filhos senpre primeiramente aos mayores barões e aos seus filhos barões primeiros e assy pella lynha directa e non avendo hi filhos das Polhylhas que entom fyque aa mayor filha que hi ouver e dhy (sic) em deante assy pella lynha directa e non avendo hi filhos nem filhas nem erdeyros descendentes da dicta Lyonor Lourenço da sua parte entom mando que se tornem os dictos beens e a amenistraçom delles a Gonçalo Stevez meu sobrinho filho de Stev’Eanes meu irmãao e aos seus filhos e filhas e netos e netas e a todos aquelles que delle descenderem da sua lynha directa per a guisa que susso dicto e decrarado he primeiramente aos barões dessy e aos seus filhos e netos e bysnetos e assy pella lynha directa e non avendo hy barões aas Polhilhas e aos seus filhos e netos e bisnetos e assy pella lynha directa e non avendo hi barões que se torne aas Polhilhas pella guysa que dicto he e non avendo hy filhos nem filhas nem netos nem netas nem descendentes do dicto Gonçalo Stevez meu sobrinho e da sua linha directa como dicto he entom mando que os dictos beens e a amenistraçom delles se torne ao meu parente mays chegado que hi ouver da minha lynha directa. E non avendo hi parente que se torne aa parenta e assy pella lynha directa como susso dicto e decrarado he com esta condiçom, a saber, que a dicta Lyonor Lourenço ou aquele que primeiramente ouver a amenistraçom dos dictos beens os aproveyte e faça aproveytar e reparar cada huum em suas vydas per tal guisa que sejam melhorados e non pejorados e os logrem e pessuam e reparem e façam reparar e que em cada huum ano pera senpre me faça cantar aquele ou aquellos que ouver a amenistraçom do[s] dicto[s] beens pellas rendas e novos e directos dos dictos beens huum anal de missas per a minha alma e do dicto Stev’Eanes que foy meu marido e de meu padre e de minha madre e daquelles a que som (sic) theuda no(5) moesteyro de Sam Francisco onde(6) jouver o meu corpo. Outrossy cada primeiro dia de cada huum mes do ano ne faça fazer huum aniverssayro no moesteyro de Sam Domingos da dicta cidade dizendo os frades do dicto moesteyro huma missa per a minha alma e dos sobredictos e sayam sobre a sopoltura de minhas filhas que jazem enterradas no dicto moesteyro de Sam Domingos com a cruz e com aagua beenta. E mando que lhis dem per cada huma missa quarenta soldos(7) com o dicto offycio e que outrossi lhis dem encenço e cera que avende (sic) enquanto fezerem o dicto offycio de dizer a dicta missa e pagado o dicto anal e missas de cada primeiro dia de cada huum mes e fecto o dicto officio como dicto he que o mays que sobejar dos dictos beens que o aja aquele ou aquelles que ouverem a amenistraçom delles cada huum em seu tempo per a guisa que susso dicto he perassi (?).
Segundo todo este e outras coussas mais conpridamente som contheudas na dicta nota. Testemunhas que pressentes forom aa dicta autoridade Gonçal’Eanes, Pero Ligeyro tabelliães, Matheus Eanes, Diego Gonçalvez, Affonsso Giraldez procuradores, Gil Martiz carcereyro, Lourenço Martiz porteyro e outros. E eu sobredicto tabelliom que per mandado e autoridade do dicto teente vezes e aa petiçom do dicto frey Lopo a dicta clasula em esta pubrica forma treladey e escrevy em estes dous rooes e na junta de cada humm rool e aqui meu synal fiz que tal (sinal notarial) he.
(1) Este “e” resulta da correcção de um “o”.
(2) Na margem está escrito “aqui”.
(3) Na margem está escrito “tempo”.
(4) A partir daqui o texto foi escrito numa segunda folha de pergaminho, cosida à primeira, tendo o tabelião desenhado o seu sinal entre as duas folhas de modo a certificar que se trata de um só documento feito, por si, em duas folhas.
(5) Na margem surgem duas anotações, feitas em momentos diferentes.
(6) Esta palavra foi corrigida, facto que levou a que o “o” surja borratado.
(7) Na margem está escrito “40 soldos”.
Transcrição e descrição do documento
Maria João Oliveira e Silva