Sarita Monjane Henriksen

NOTA BIOGRÁFICA

Holds a PhD in Language Policy and Education Planning with a focus on Multilingual Contexts, awarded by the University of Roskilde, Denmark; has recently completed a Post-doctorate in the field of Human Rights, Social Rights and Diffuse Rigths, with a focus on Linguistic Human Rights, University of Salamanca, Spain. Holds a Master Degree in Linguistics in Education, University of Surrey, St. Mary’s University College, United Kingdom, a degree in Teaching English as a Foreign Language, Universidade Pedagógica (UP-Maputo), Mozambique. She is Associate Professor in Language Education, teaching the disciplines of English Language and Sociolinguistics, Education Policy, Language and Cultural Diversity, Translation Studies, and Introduction to Consecutive Interpreting. She is currently the Director of Cooperation at UP-Maputo. She was Visiting Professor of Languages and Migration at the University of Justus Liebig of Giessen, Germany (2022-2023); and Guest Professor at ISCTE-IUL, Portugal (2021 and 2022), the Universidade Federal do Paraíba, João Pessoa, Brazil, and at the University of Southern Denmark. She was until recently the Dean of the Faculty of Language Sciences, Communication and Arts (UP-Maputo). Her most recent publication is entitled: Language and Education in Mozambique: Subsidies for a language policy oriented towards global citizenship, Collection Nossa gente, nossas línguas (Our people, our languages), Gala-Gala Editions, 2023.

É doutorada em Política e Planificação Linguística, com ênfase em Contextos Multilingues, pela Universidade de Roskilde, Dinamarca; concluiu recentemente o Pós-doutoramento na área dos Direitos Humanos, Direitos Sociais e Direitos Difusos, com enfoque sobre Direitos Humanos Linguísticos, pela Universidade de Salamanca, Espanha. Possui um Mestrado em Linguística Educacional, pela St. Mary’s University College, Reino Unido, e é licenciada em Ensino de Inglês como Língua Estrangeira pela Universidade Pedagógica (UP-Maputo), Moçambique. É Professora Associada em Educação Linguística, lecionando as disciplinas de Língua Inglesa e Sociolinguística, Políticas Educativas, Língua e Diversidade Cultural, Estudos de Tradução e Introdução à Interpretação Consecutiva. É atualmente Directora do Gabinete de Cooperação, na UP-Maputo. Foi Professora Convidada na Universidade Justus Liebig de Giessen, Alemanha (2022-2023), na área de Línguas e Migrações e Professora Convidada no ISCTE-IUL, Portugal (2021 e 2022), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil, e Universidade do Sul da Dinamarca. Foi até recentemente Directora da Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes (UP-Maputo). A sua publicação mais recente é intitulada: Língua e Educação em Moçambique: Subsídios para uma política linguística orientada para a cidadania global, Colecção Nossa gente, nossas línguas, Gala-Gala Edições, 2023.

RESUMO

Línguas invisíveis no contexto escolar: Uma análise da diversidade linguística nas salas de aula do Século XXI

Sarita Monjane Henriksen

Universidade Pedagógica de Maputo

Num contexto em que as sociedades apresentam uma paisagem linguístico-cultural cada vez mais diversificada, as salas de aula são verdadeiros microcosmos do multiculturalismo e diversidade, albergando alunos de várias origens linguísticas. É neste âmbito que é possível prever a existência de línguas invisíveis, portanto, línguas faladas pela população estudantil, que não são reconhecidas ou incorporadas no currículo escolar. Este estudo baseia-se numa revisão exaustiva da literatura sobre direitos humanos linguísticos e em dados empíricos primários, recolhidos através de estudos de caso realizados em três instituições de ensino superior em Moçambique, Alemanha e Portugal. O principal objetivo é refletir sobre os principais desafios associados à gestão das línguas invisíveis em contextos escolares marcados pela globalização, mobilidade e migração. Os participantes do estudo incluem estudantes universitários de diversas origens linguísticas e culturais, nos três países mencionados. A análise dos dados segue uma abordagem temática, centrando-se nas línguas existentes no repertório linguístico dos estudantes, domínios de uso, competência nas várias línguas, a perceção dos estudantes sobre a importância dessas línguas e sobre a existência de hierarquias linguísticas individuais e sociais. Os resultados apontam para a negação institucional do pluralismo e prevalência de ideologias linguísticas inspiradas pela assimilação e convergência em direção a uniformização linguística, através da promoção das línguas maioritárias, oficiais e dominantes, como o Português, o Alemão ou “Inglês. A exclusão das línguas minoritárias invisíveis, dos contextos escolares, constitui uma recusa evidente do reconhecimento dos direitos humanos linguísticos, resultando na marginalização linguística, bem como na possível perda de língua materna, especialmente em casos em que não se verifica a transmissão intergeracional de língua. Este estudo propõe, em última análise, o recurso as biografias individuais dos estudantes como um primeiro passo para o reconhecimento da diversidade linguística, promoção da consciência linguística, assim como para o fomento do respeito e valorização cultural no seio da comunidade estudantil.  

Palavras-chave: Línguas invisíveis, diversidade linguística, multiculturalismo, biografias individuais

Invisible languages in the school context: An analysis of linguistic diversity in 21st century Classrooms

In a context where societies present an increasingly diverse linguistic-cultural landscape, classrooms are true microcosms of multiculturalism and diversity, hosting students from various linguistic backgrounds. It is within this framework that it is possible to foresee the existence of invisible languages, thus, languages spoken by the student population, which are not recognised or incorporated into the school curriculum. This study is based on a comprehensive review of the literature on linguistic human rights and on primary empirical data, collected through case studies conducted in three higher education institutions in Mozambique, Germany and Portugal. The main objective is to reflect on the main challenges associated with managing invisible languages in school contexts marked by globalisation, mobility and migration. The study participants include university students from diverse linguistic and cultural backgrounds in the three mentioned countries. Data analysis follows a thematic approach, focusing on the languages in students’ linguistic repertoire, domains of use, competence in the various languages, students’ perceptions of the importance of these languages and the existence of individual and social linguistic hierarchies. The results point to the institutional denial of pluralism and the prevalence of linguistic ideologies inspired by assimilation and convergence towards linguistic standardisation, through the promotion of majority, official and dominant languages, such as Portuguese, German or English. The exclusion of invisible minority languages from school contexts constitutes a blatant refusal to recognise linguistic human rights, resulting in linguistic marginalisation as well as the possible loss of mother tongue, especially in cases where intergenerational language transmission does not occur. This study ultimately proposes the use of individual student biographies as a first step towards recognising linguistic diversity, promoting language awareness, as well as fostering respect and cultural appreciation within the student community. 

Key words: Invisible languages, linguistic diversity, multiculturalism, individual biographies