Amália Maria Vera-Cruz de Melo Lopes

NOTA BIOGRÁFICA

Professora Auxiliar aposentada da Universidade de Cabo Verde, é Doutora em Linguística pela Universidade de Lisboa, Mestre em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas pela Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo e Licenciada em Línguas e Culturas Modernas – Estudos Portugueses, pela Universidade de Coimbra.

 É investigadora (pro bono) e membro do Conselho Científico-Diretivo da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa (Instituto Camões/Universidade de Cabo Verde), na qual coordena a linha de investigação ‘Linguística Descritiva Sincrónica: Descrição do Português em Cabo Verde’; e o projeto ‘Produção de Material de Apoio ao Desenvolvimento de Competências em Português – Língua Segunda’, da Linha de investigação ‘Ensino do Português como Língua Segunda, em Cabo Verde.’ É membro da Cátedra Amílcar Cabral, da Academia de Ciências e Humanidades de Cabo Verde e da Fundação Amílcar Cabral.

Tem como principais áreas de interesse ao nível da investigação: a descrição do português de Cabo Verde; política linguística; ensino do Português como segunda língua; e formação contínua de professores de português do ensino secundário.

Tem várias comunicações em congresso e publicações científicas (livros, capítulos de livros e artigos em revista).

RESUMO

Língua e identidade: um olhar a partir de Cabo Verde

Amália de Melo Lopes

Universidade de Cabo Verde

Nesta comunicação, busco compreender o papel do português numa pequena parcela deste mundo que é Cabo Verde, na sua interação com a língua e a cultura cabo-verdianas, e olhando para a sua influência na identidade dos cabo-verdianos e, ainda, se a política linguística oficial serve à promoção de uma sociedade mais inclusiva, igualitária e equitativa, e respeitosa da diversidade linguística do país. De acordo com vários investigadores (Thomason, 2001; Calvet, 2002; Fasold, 2004, por exemplo), as atitudes linguísticas dos falantes são um dos mais influentes fatores do comportamento linguístico em geral e do dos bilingues em particular, permitindo perceber a dinâmica social das relações das línguas em contacto,
sobretudo as práticas linguísticas dos falantes e as suas características identitárias. Com esses pressupostos em mente, traço um panorama do modo como os cabo-verdianos inquiridos se relacionam com as duas línguas em contacto, em termos culturais e identitários, observando como são valoradas as duas línguas, desses pontos de vista. Revisito ainda o estado da arte da política linguística oficial. Concluo pela existência de uma situação linguística de bilinguismo com diglossia, mas sem di-etnia (Fishman 1980) e que a política linguística está na contramão do ecossistema linguístico cabo-verdiano, dos direitos humanos de natureza linguística e dos resultados de investigação em matéria de ensino de línguas.